sexta-feira, 29 de maio de 2009

Entrevista do governador Aécio Neves e o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda


Entrevista do governador Aécio Neves e o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda


Sobre a expectativa de Belo Horizonte ser uma das sedes da Copa do Mundo.
Estou absolutamente confiante. Minas e sua capital serão uma das sedes. Nós temos que trabalhar e falamos um pouco sobre isso aqui, já a partir desta semana, com a formalização do anúncio, em duas frentes. Uma interna, com a criação de uma comissão responsável exclusivamente pela preparação da cidade, tanto na estrutura do Mineirão e do seu entorno, quanto nas questões de acesso, de logística. A outra vertente é essa que o prefeito já tem tratado, e estarei a seu lado tratando, que é junto ao Governo Federal, naquilo que se chama de PAC da mobilidade, nos financiamentos que nós esperamos poder ter, que inclui o metrô e outros investimentos importantes.
Então é a organização interna, processo licitatório para reforma do Mineirão, estacionamento, serviços que vão ser levados para aquela região, e isso nós vamos cuidar aqui; e outra que é essa das parcerias com o Governo Federal, mas o prefeito se adiantou, teve várias conversas com a ministra Dilma, com o Ministério das Cidades, e as coisas estão caminhando bem.
Acho que Belo Horizonte está adiantada em relação a outros estados. A nossa ideia continua sendo a de fechar o Mineirão no final deste ano, após o último jogo do Campeonato Brasileiro, e a partir daí, nós teremos dois anos com o Mineirão em obras, para que ele possa ser apresentado antes do período da Copa das Confederações, que antecede a Copa do Mundo, no final de 2012, para que em 2013 ele esteja já em condições até mesmo de sediar jogos da Copa das Confederações. Então nosso cronograma está mantido, e domingo vai ser uma grande festa da confirmação de Belo Horizonte, depois de 60 anos.

Governador, ontem o senhor falou que está buscando aliados do presidente Lula, que eventualmente podem não fechar com o PT no ano que vem. O Lacerda é uma liderança do PSB, o senhor conversou a respeito de um eventual apoio do PSB ao PSDB na eleição?
Não, nem precisa, tenho uma proximidade enorme com o prefeito Marcio Lacerda, e ele seguirá o caminho do seu partido. Não há porque precipitar esse processo. O que existe são negociações em nível nacional, com as direções nacionais de vários partidos, absolutamente naturais. Aqui o PSB participa da base de sustentação do governo, tenho certeza que continuará participando. Vamos deixar que o PSB tome a sua decisão no campo nacional, para que o prefeito também possa ter o seu caminho.

A proposta para reeleição que vai ser apresentada por um deputado do PMDB, para um terceiro mandato também para governadores, o senhor se sentiria à vontade com esse possível terceiro mandato?
Não há hipótese disso ocorrer. Acho até que dois mandatos já é muito. Oito anos é um tempo muito extenso para se governar. Sou partidário da tese de mandato de cinco anos sem reeleição. Não acredito na aprovação dessa proposta, mas se aprovada, certamente no caso de Minas Gerais, nós teremos um outro candidato a governador. Não acho que seja bom nem para o país, nem para os estados, nós termos um tempo tão grande, de tão grande extensão, um só governante. A alternância do poder, mesmo que dentro de um partido, entre pessoas, é muito importante. Não há hipótese de eu querer disputar.

E a unificação das eleições, que também está sendo discutida?
São as alquimias do Congresso. Não acho que haja nem tempo hábil, nem clima para se falar em prorrogação de mandatos que viria com proposta de coincidências. Qualquer possibilidade de coincidência, na minha avaliação, só poderia vir com a alteração da duração dos mandatos a serem eleitos. Você sabendo, por exemplo, que está votando em alguém por seis anos, porque isso é proporcional, uma coincidência lá na frente, acho que aí sim é possível de ser discutido. Você, agora, alterar um mandato que tem um tempo definido de duração é um equívoco.
Olha, estou muito descrente da aprovação de qualquer capítulo da reforma política, pelo que conversei nos últimos dias no Congresso. Até num determinado momento achei que a questão da lista com financiamento público poderia avançar, conversei hoje mesmo com alguns líderes partidários, com o líder do meu partido, nem isso acredito que exista clima hoje para avançar no Congresso.

E a janela de seis meses?
Também não acredito que exista muito clima para isso. Sempre me fazem essa pergunta tentando entender de que forma isso afeta a minha vida. Posso dizer que não sei se o Congresso aprova, mas do meu ponto de vista pessoal, ela é absolutamente inócua, não altera em nada, porque estou e ficarei no PSDB.

Em 2014, quando acontece a Copa do Mundo, onde que o senhor gostaria de estar?
No Mineirão, vendo a abertura.

Mas em que cargo?
Na arquibancada.

O senhor acha que é possível que a abertura seja aqui?
Acho que é uma disputa que nós temos que fazer com seriedade, obviamente, respeitando o direito de outros estados buscarem isso. Existem outros que postulam. Mas o projeto que nós estamos fazendo aqui em parceria com a prefeitura e a grande vantagem nossa é que existe essa parceria muito bem ajustada, da Prefeitura de Belo Horizonte com o Governo do Estado, como houve com o Pimentel na gestão passada, essa parceria vai facilitar em muito essas nossas ações. Imagina se não houvesse essa parceria, essa facilidade de tomar decisões, se a avenida Antonio Carlos estaria avançando nessa velocidade que está hoje. Nós vimos aqui cerca de 40 projetos que serão lançados proximamente pelo prefeito, muitos deles em parceria com a Cemig, ou com a Copasa, com a área de habitação do Governo, na saúde, principalmente. Então existem muitas boas coisas que a parceria pode fazer. Entre elas criar as condições para que o Mineirão se apresente à Fifa com toda a infraestrutura necessária para pleitear a abertura.
Vou dizer o que eu intimamente, isso nem conversei ainda com o prefeito Marcio Lacerda, intimamente quero buscar, aí já não é com a Fifa, mas com o presidente Ricardo Teixeira, que é mineiro, para que Belo Horizonte possa ser a sede do Brasil nos jogos da primeira fase. Para que o Brasil possa jogar no Mineirão. A cidade de Belo Horizonte é uma cidade mais tranqüila do que as outras grandes capitais, que certamente postularão esse privilégio, acho que Belo Horizonte, pela localização, pelo que nós vamos fazer do ponto de vista da estrutura do estádio, de logística, até mesmo pela certa tranqüilidade que se possa aqui garantir para preservar a Seleção. Acho que Belo Horizonte poderia pleitear tranquilamente sediar os jogos no Brasil na primeira fase. Depois, obviamente, eles têm uma dinâmica própria, vão para alguns outros lugares. Então esse fica sendo o nosso objetivo. Agora é trabalhar, não perdermos os prazos, fazermos as licitações das obras, nós estamos com a Fundação Getúlio Vargas para fazer a coordenação final desse projeto, o professor Anastasia passa a coordenar, a partir da semana, uma comissão que terá uma representação do Estado e da Prefeitura, conjunta, e vamos tocar o barco. Acho que Belo Horizonte vai se colocar em condições de pleitear uma participação muito importante na Copa.


Marcio Lacerda

Prefeito, como vai ser a festa domingo?
Foi divulgada a programação, nós teremos um telão, um canal de esporte vai transmitir diretamente de Nassau, nas Bahamas, o anúncio das sedes, às 15h30. Vamos ter uma programação festiva que começa desde 1h da tarde, com shows, que se prolongará, a partir das 16h, com show do Patu Fu. Ali vai ser a festa da comemoração da escolha de Belo Horizonte, que tenho certeza ocorrerá.

Qual é o cronograma de obras que a prefeitura está se organizando para que a cidade tenha condições de atender as pessoas que venham assistir a Copa?
O principal, no caso da Copa, é a ligação entre o centro da cidade, o estádio e os aeroportos. Isso já está muito avançado, principalmente agora essa parceria forte do Estado com a Prefeitura na conclusão da duplicação da Antônio Carlos, o Estado entrando com R$ 180 milhões, um convênio que assinamos em janeiro, logo no início da nossa administração e com quatro viadutos, então já no começo do ano que vem teremos a duplicação da Antônio Carlos concluída, e os viadutos em andamento.
Nós teremos que duplicar a Pedro I e ter um corredor de ônibus ligando a Lagoinha até a MG-010 e consequentemente até Confins, até o Mineirão, até o Aeroporto da Pampulha.
E estamos trabalhando fortemente para a gente ter o metrô Savassi-Lagoinha, que é uma das nossas reivindicações junto ao Governo Federal. Então essa ligação centro-aeroporto-estádio é fundamental para o sucesso do empreendimento Copa em Belo Horizonte num alto nível.
A ampliação do aeroporto pela Infraero, que já está fazendo o projeto, ela estima gastar R$ 250 milhões até 2013 no Aeroporto de Confins, ampliação do terminal, ampliação da pista, da área de embarque e desembarque, e temos aí o capítulo dos hotéis. Nesse momento alguns grupos internacionais estão sondando Belo Horizonte, conversando com o Governo do Estado, Prefeitura, para virem para cá.
Acho que o momento está bom, estamos otimistas, esperançosos, como disse o governador é fundamental essa parceria entre Prefeitura e Estado, que já existe há vários anos, desde administração de Pimentel, que continua forte.

Quanto vocês pensam em gastar para ter essa infraestrutura em Belo Horizonte?
Nós estamos pleiteando do Governo Federal repasses não onerosos e financiamentos. Serão alguns bilhões de reais. Não sabemos quanto ainda. Depende, porque tem o projeto mínimo, que foi esse que falei. A duplicação da Antônio Carlos, Pedro I, implantação de corredor de ônibus avançado, com estações de pré-embarque, corredor de ônibus também na Amazonas, Pedro II, Catalão, Nossa Senhora do Carmo; então são corredores de ônibus, metrô, e duplicação do acesso do centro até a MG-010.

Mas desses recursos, o Governo Federal já garantiu algum?
Isso nós apresentamos junto com o Governo do Estado, um parceiro sempre freqüente nos projetos das vias, na viabilização da ideia do metrô, nós apresentamos as planilhas ao Ministério das Cidades, que tem levado à Casa Civil. Nós temos comparecido frequentemente em Brasília. Esperamos no decorrer do mês de junho que venha então essa decisão, que não pode demorar muito, porque as obras levam um tempo.


Aécio Neves

A última conversa que tivemos com o Governo Federal é de que logo após o anúncio, eles deflagrariam esse processo de definição dessas prioridades. E o prefeito apresentou aqui hoje um trabalho muito bem feito, onde ele apresenta o objetivo final, mais amplo, e aquilo que nós consideramos o mínimo razoável para que nós possamos ter esse acesso garantido.
Então nós queremos agora, pretendemos até marcar uma ida juntos a Brasília, para tanto conversarmos com a Infraero em relação a essa questão da ampliação dos terminais do aeroporto, que teria que começar rápido, quanto a esse projeto que a prefeitura detalhou de forma muito competente, que passa, inclusive, pela questão do metrô de Belo Horizonte.

Marcio Lacerda

Prefeito, o deputado Ciro Gomes já falou que não se candidata a presidente se o Aécio for candidato. O senhor pessoalmente está torcendo também para o Aécio vencer a batalha do PSDB?
Como disse o ministro Ciro Gomes, naquela oportunidade, foi lá na prefeitura, inclusive, que o governador Aécio representa uma possível contribuição de Minas dentro de uma linhagem política, de uma tradição política de busca de consenso, de unidade, de projeto nacional agregador, se o governador pudesse ser candidato, conseguir ganhar essa disputa no PSDB, que nós esperamos, acredito que seria um grande trunfo para o país, certamente.

Prefeito, sobre essa reunião que está tendo agora na prefeitura sobre o APA Sul, essa porta de acesso ao Belvedere, Nova Lima, como está esse projeto?
Na realidade, o projeto executivo não está 100% pronto ainda. Você sabe que é uma empresa empreendedora imobiliária de Nova Lima, que se encarregou desse projeto como medida compensatória. Está faltando algumas coisas. É um projeto para R$ 30 milhões, R$ 40 milhões, nós incluímos uma parte desse valor na proposta que levamos para Brasília, e conversando com os empreendedores, cerca de 20 empreendedores que estão com projetos imobiliários ali em Nova Lima, se cada um deles entrasse com R$ 1 milhão, nos ajudaria bastante a fazer esse projeto, e iria valorizar muito os empreendimentos deles.

Aécio Neves

A Assembleia aprovou o empréstimo do BID para o Proacesso?
É, foi uma aprovação extremamente importante, quero de público agradecer aos aliados do governo, mas também a compreensão da oposição, porque é algo que se coloca num patamar acima de questões partidárias ou disputas políticas.
Esse recurso, sobretudo num momento como esse de queda de arrecadação, é muito importante, o BID tem dado prioridade às questões de Minas, mas há uma demanda muito grande junto ao BID para novos financiamentos. Na conversa que tive com o ministro Guido Mantega, na semana passada, ele próprio nos alertava para essa demanda crescente, então nós não poderíamos perder tempo.
Vou pessoalmente a Washington (EUA) definir já com o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, no próximo dia 9, se não me engano, o cronograma possível de liberação desses recursos. Nós estamos falando de cerca de US$ 260 milhões, então vamos falar em alguma coisa em torno de R$ 500 milhões a R$ 520 milhões, que vão permitir novos investimentos na qualificação da nossa malha viária, investimentos importantes também na área da saúde. Um conjunto de ações que esses recursos possibilitarão serem feitas e até mesmo suprindo a ausência de recursos orçamentários em razão da queda de arrecadação. Portanto, é muito importante e estratégico esse recurso e para que nós não percamos tempo, quero ir pessoalmente assinar e acertar com o presidente do BID essa liberação.
E aproveito no dia seguinte, fui convidado para também estar na Bolsa de Valores de Nova York, onde farei uma palestra para duas centenas de empresários interessados em investir em Minas Gerais, muitos ligados ao setor energético. Acho que é uma nova oportunidade de nesse momento de crise, nós vamos mostrar as potencialidades que Minas oferece e nós estaremos lá na Bolsa de Nova York também batendo o sino, fechando o pregão, já que a Cemig tem sido, do ponto de vista relativo, uma das mais importantes, senão a mais importante ação brasileira naquela bolsa.

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