sexta-feira, 29 de maio de 2009

Entrevista do governador Aécio Neves


Lançamento da “Energia do Bem”.
Na verdade, é um evento extraordinário. É uma sinalização clara de com uma empresa pública bem gerida, no caso da Cemig, que avança no mercado, que se valoriza em bolsas, ela vale hoje cinco vezes mais do que valia quando assumimos o governo, pode ter um papel social dessa dimensão, como teve por exemplo, a construção de Irapé, que leva energia para o Vale do Jequitinhonha, recentemente premiada com um dos mais importantes prêmios internacionais. E agora faz algo de uma singeleza e de um alcance social extraordinários. Estamos atendendo já no primeiro momento, esse ano ainda cerca de 1400 entidades que cuidam de idosos em Minas Gerais. Levando algo que pode parecer pouco significativo para muitas pessoas, mas para aqueles que vivem e dependem dessas entidades, é extremamente importante. Água quente, economia de energia, aquecimento solar, uma geladeira em boas condições, enfim, estamos fazendo algo que, espero, possa ser universalizado para todas as entidades sociais de Minas Gerais, não apenas de idosos, mas também creches, Apae´s até o final do nosso governo.
A Cemig está investindo ao em torno de R$ 30 milhões neste programa, é um programa, vamos chamar experimental, mas já extremamente vitorioso porque até o final do ano todas essas entidades de idosos terão um pouco mais de conforto para tratar desses mineiros, sempre colocados muito à margem do Estado.

O presidente Lula já sinalizou a vontade dele de que o ministro Hélio Costa seja o vice da ministra Dilma. O PMDB tem conversado com o presidente Lula e colocado várias questões. Parece que neste momento o PT conversa mais com o PMDB e o PSDB está mais nos bastidores. Como está essa relação?
Ao contrário. Essa é uma questão interna que o PT tem que resolver. Eu tenho um respeito enorme pelo ministro Hélio Costa, é meu amigo, o que eu posso dizer é que o PSDB de Minas já iniciou também conversas com o PMDB. Eu próprio recebi na última semana o presidente regional do PMDB, deputado Fernando Diniz. Outras conversas entre dirigentes partidários acorrerão. Agora estamos vivendo o momento das especulações. Vocês vão ver notícias como essas permanentemente soltas nos jornais.
O que eu quero entender, no campo do PSDB, é que nós devemos, além de avançar na construção do nosso programa, das bandeiras que vão conduzir o PSDB na próxima eleição, temos que ter as nossas conversas com os nossos aliados.
Em Minas, temos conversado com aqueles partidos que estão na nossa base de sustentação, mas iniciamos conversas importantes também com o PMDB. O tempo é que vai tomar essas decisões. Eu, pessoalmente, não acredito em nenhuma decisão formal em termos de composição de chapa antes do final deste ano, seja de um lado, seja de outro.

As prévias vão vingar mesmo?
Espero que sim. Estamos num processo que eu defendi anteriormente que é o das viagens pelo país. Vamos discutir agora nesta semana as questões da agricultura e do agronegócio, depois em seguida vamos ao Ceará discutir programas de desenvolvimento regional, depois vamos discutir segurança pública, gestão pública. Acho que o PSDB cumpre o seu roteiro sem o açodamento que alguns gostariam que nós tivéssemos. Não há porque tomarmos definições há um ano e seis meses ou um ano e quatro meses das eleições.
Esse é o ano, repito, de definir o perfil das candidaturas e, a partir do final do ano, se não houver um entendimento antes, através das prévias, definir aí sim o candidato, mas esse candidato tem que nascer com robustez, solidez, e para isso, é importante que ele nasça já empunhando algumas bandeiras.
Então, acho que estamos no tempo absolutamente correto. Não é possível você condicionar a estratégia de um partido da oposição à estratégia de um partido do governo. São candidaturas distintas. Lá o governo busca construir uma candidatura que ainda não tem lastro eleitoral. No nosso campo, as candidaturas têm já algum espaço eleitoral, já disputaram eleições. Então, a nossa estratégia é outra. O governo vai certamente, na campanha, defender as suas ações e nós temos que defender o que queremos após esse governo.
Acho que cada um terá a sua estratégia e temos que respeitar a estratégia daqueles que estão no governo, mas temos que nos fixar na nossa e, no que depender de mim, eu gostaria de ampliar as alianças que já temos formalizadas hoje para outros partidos que estão na base de sustentação do presidente Lula, mas que não necessariamente estarão apoiando uma candidatura do PT. Não necessariamente.

Então o PSDB não está longe, não está atrás do PT nessas negociações?
Ao contrário. O que eu tenho visto, se analisarmos do ponto de vista regional, se fizermos uma contabilidade, há proximidade natural maior do PMDB com o PSDB em mais estados do que há essa harmonia com o PT. Acho que essa eleição, até por um equívoco da legislação eleitoral, onde não há mais a verticalização, portanto, as alianças são livres nos estados, não precisam ter compatibilidade nos estados com aquilo que é feito a nível nacional, vão prevalecer os interesses regionais e aí eu acho que o PSDB tem boas chances de apresentar alianças, além dos Democratas e do PPS, que é o núcleo da nossa ação de governo, com o PMDB num número muito expressivo de estados.

O que o senhor diz sobre a perda da unidade da Itambé para São Paulo? É mais uma ocorrência de guerra fiscal por causa da cobrança de ICMS?
É mais uma demonstração de que a guerra fiscal não pode prevalecer. Também temos atraído empresas em outros campos recentemente. Até conversava com o governador Serra sobre isso. Ele reclamava de algumas empresas que estavam, de alguma forma, com interesse em vir para Minas Gerais e eu disse: olha, hoje, o que prevalece é olho por olho e dente por dente. Isso não é bom para o país, isso não é racional do ponto de vista tributário porque vai chegar a um ponto em que o poder público vai fazer tantas concessões, como ocorreu com Goiás recentemente, e depois passa a não ter condições de dar a infraestrutura necessária à ampliação e à consolidação desses investimentos. Portanto, era muito importante que respeitássemos as regras estabelecidas no Confaz e buscássemos avançar numa reforma tributária que acabasse com essa perversa guerra fiscal. É um perde e ganha. Hoje até num somatório nós ganhamos mais do que perdemos, mas não é isso que é importante. O importante é termos racionalidade no sistema tributário e os estados, as regiões que não tenham uma capacidade natural de atração de investimentos, para essas sim deve existir o Fundo de Desenvolvimento Regional.

Essa conversa com o prefeito Marcio Lacerda vai definir alguma coisa em termos de Copa do Mundo e também da Antônio Carlos?
Estamos marcando uma visita já na próxima semana à avenida Antônio Carlos, como vocês devem avaliar, depois que o Estado a assumiu, ela avança numa velocidade muito grande. Vamos fazer uma primeira vistoria até para estimular que essa velocidade seja ainda maior daqui por diante.
E vamos falar de outros investimentos. Quero ter uma conversa com ele sobre a questão do Hospital do Barreiro. É um compromisso que eu, pessoalmente, assumi durante a campanha eleitoral e quero honrá-lo. É uma das questões da conversa e obviamente vamos dar uma atualizada a todo processo de renovação do Mineirão.
Portanto, agora que vamos ter o anúncio já no domingo, e eu tenho plena confiança de que Belo Horizonte será anunciada como uma das sedes, temos agora que dar os passos fundamentais para que o processo de renovação do Mineirão avance. E eu estarei publicando um decreto - e essa também é uma das razões da conversa logo na segunda ou no máximo na terça-feira - criando uma comissão que irá coordenar todo processo de revitalização, de recuperação do Mineirão e essa comissão será coordenada pelo vice-governador Antonio Anastasia.

SOS Mata Atlântica.
Na verdade, o SOS Mata Atlântica publicou hoje. Foram publicados esses dados hoje e é preciso que esses dados sejam analisados com a complexidade e amplitude que merecem. Foi publicado em alguns jornais, pelo SOS, que Minas Gerais é o estado que teve a maior participação no desmatamento de mata atlântica. É um fato, mas não foi colocado na mesma matéria, pelo menos nas que vi, que Minas Gerais é o estado que detém a maior participação e o maior percentual de mata atlântica entre todos estados brasileiros. Também não foi registrado o esforço que o governo vem fazendo para diminuir esse desmatamento.
De 95 a 2000 foram 122 mil hectares de mata atlântica desmatados. De 2000 a 2005, já com a participação do nosso governo, esses 122 mil caíram para 43 mil hectares. E de 2005 para cá foram 31 mil hectares. É um problema absolutamente sério, estamos enfrentando tanto com uma fiscalização severa, quanto com projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa e aqui de público, mais uma vez, peço apoio inclusive das oposições para que possamos aprová-lo, porque esse projeto estabelece metas que vão diminuindo com o tempo e até o ano de 2017, a siderurgia, enfim, as empresas que usam o carvão vegetal só poderão utilizar esse insumo em até 5% daquilo que utilizam hoje. Então há um processo em andamento legislativo que precisa ser aprovado, mas há um esforço enorme do governo na redução desse percentual. Quando leio a matéria, pelo menos da forma que saiu hoje, dá impressão que os 27 estados brasileiros têm como Minas tem, um milhão e 200 mil hectares de mata atlântica e tivemos uma perda, nesse últimos 5 anos, de 30 e poucos mil. Não é verdade. Somos o estado que detém a maior área de mata atlântica, ainda preservada, do Brasil e estamos reduzindo vigorosamente em uma velocidade que nenhum outro estado está diminuindo o desmate da mata atlântica.
Há uma pressão da pecuária, há uma pressão do consumo nas siderurgias, principalmente, que é uma atividade econômica importante em Minas Gerais. Mas mesmo com isso, acho que Minas Gerais tem sido absolutamente exemplar. Gostaria apenas de deixar aqui esse esclarecimento. Saltamos de 120 mil, de 95 a 2000, para 42 mil, de 2000 a 2005, e agora estamos em 30 mil e no que depender do nosso esforço e com a aprovação dessa lei encaminhada pelo executivo à Assembleia Legislativa, vamos demonstrar de forma muito clara que é possível compatibilizar crescimento econômico com a preservação ambiental.

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