terça-feira, 30 de junho de 2009

Governador Aécio Neves em entrevista durante evento do Minas Olimpica


Despedida (do governo)?
Acho que daqui para frente é natural que esse clima nostálgico, de alguma forma, esteja presente nesses eventos, e esse para mim tem esse significado especial e até emocional porque estivemos muito próximos de interrompê-lo no início do governo porque o Estado não tinha recursos para bancar sozinho o programa que vinha sendo mantido pelo Governo Federal até o ano de 2003. Foi suspenso, foi interrompido bruscamente sem qualquer informação. Tentamos restabelecer essa relação com o Governo Federal, não conseguimos, mas fizemos um esforço enorme e mantivemos o programa.
Hoje ele se expandiu e é talvez a única alternativa de reinserção social e de novas práticas de cidadania para jovens carentes do interior do Estado que não tinham nem local para essas atividades esportivas, então, fico feliz de ver que durante esses quatro anos o Estado, mesmo solitariamente, conseguiu manter e ampliar ano a ano o programa.
Agora estamos prestes a restabelecer com o Governo Federal essa parceria, mas faremos dois programas, se o Governo Federal, enfim, retomar essa parceria com o Estado, que eu espero que ocorra, manteremos esse programa com o Governo Federal e manteremos esse também pela abrangência que já tem e pela importância que tomou ao longo desses últimos anos.

O senhor parece mais confiante que deixa o governo do Estado no ano que vem. Com a informação que o governador José Serra pode optar pela disputa da reeleição em São Paulo, o senhor seria mesmo o candidato?
Vou deixar isso muito claro. É uma alternativa que obviamente é possível hoje, mas a não ser que eu, enfim, encerre a minha carreira política e não dispute mais nenhuma eleição, é que eu deixaria de sair no final do ano, porque a descompatibilização é necessária para quem não disputa a reeleição. Eu, como não disputo a reeleição até por impedimento legal que felizmente existe e acho que é bom que um governante não fique tanto tempo no governo, 30 de março é o limite para quem vai disputar outra eleição. Presidência é uma possibilidade, para a qual tenho recebido estímulos de várias partes do país, mas é óbvio que não depende de mim. É uma questão que será decidida pelo partido no tempo adequado.
Quando eu digo que deixo o Governo, é obviamente se optar por disputar uma eleição. Pode ser presidencial? Pode, mas pode eventualmente não ser.

O José Serra teria dito que se a ministra Dilma crescer muito nas pesquisas, ele não será candidato. O Senhor também não seria se ela crescer muito, ou o senhor vai de qualquer jeito?
Não tenho essa preocupação e também não acredito que o governador José Serra tenha dito algo assim. Por que ele tem um potencial muito grande. Agora, eu não temo a largada em uma campanha eleitoral. O objetivo da campanha eleitoral é a chegada. Acho que se conseguirmos construir uma grande frente com um projeto novo, moderno, ousado, para o Brasil, temos todas as condições de disputar, vencer as eleições, independente de quem seja o candidato. Não me preocupa, não me aflige e não me atemoriza o eventual crescimento, até porque é natural da candidata do PT. No momento certo, o partido vai tomar a sua decisão, e obviamente se for em direção da minha candidatura, estarei pronto para enfrentá-la.

Amanhã tem a reunião do PSDB em Brasília.
Falei com o senador Sérgio Guerra agora há pouco e, segundo ele me informou, a regulamentação será feita, será noticiada pela executiva do partido nos termos que aqui foi colocado. Não quero me antecipar a isso, porque não é uma regulamentação do governador Aécio Neves, é da direção nacional do Partido. Por isso ela tem relevo, por isso ela tem importância. Vamos aguardar que o presidente Guerra se manifeste oficialmente sobre isso.

Governador como o senhor ouviu a declaração do ministro Mantega de que a redução, que a desoneração do IPI foi limitada porque alguns governadores fizeram a substituição tributária?
Olha, vi enfim, especialmente essa declaração dentro dos jornais de hoje. Acho que os estados têm sido parceiros fundamentais da União ao longo de todos esses anos. É importante se lembrar que quando se faz uma redução, uma eventual redução de IPI, você está tendo, na verdade, tendo a contribuição dos estados.
O IPI é um imposto compartilhado com os estados. Quando o governo faz, por exemplo, uma mudança de alíquota de imposto de renda, e que nós apoiamos, nós estamos também comprimindo nossas receitas porque ele também compõe a cesta a ser distribuída para estados e municípios. Portanto, acho adequado que o governo possa dar alguns estímulos a setores importantes da economia brasileira, que são empregadores e que tem uma cadeia muito adensada. Mas acho que seria muito adequado que em cada momento em que o Governo Federal optasse por uma redução de IPI, por exemplo, que tem ocorrido, no momento da declaração, o ministro ou o Governo Federal dissessem: muito obrigado aos estados e municípios que estão contribuindo com essa isenção porque isso significa uma redução da transferência de recursos para esses entes federados.
Portanto, se a iniciativa é do Governo Federal, a responsabilidade e o efeito dessa iniciativa recaem sobre os estados e sobre os municípios. Acho que o Governo Federal não tem do que reclamar dos estados brasileiros, sendo em relação ao superávit primário que foi alcançado em boa parte graças ao esforço dos estados. Seja pelas gestões estaduais, de vários partidos, que são hoje efetivas e apresentam mais resultados até que no campo federal.
Então, acho que os estados e municípios têm sido parceiros muito importantes do Governo Federal, que vem acumulando recordes de arrecadação ao longo todos dos últimos anos, o que não tem correspondência na arrecadação dos estados e municípios.

A prorrogação da redução do IPI é acertada?
Acho que sim. Mostrou um efeito importante e acho que ganhamos na outra ponta. Apenas o que eu considero é que, ao invés de críticas, mesmo que indireta aos estados e municípios, cada vez que houvesse uma redução de IPI, o meu amigo ministro Guido Mantega podia dizer: muito obrigado aos estados e municípios que estão participando desse esforço.

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